Não tenho um coração de pedra/ não ligo para perda
José Dias da Rocha
Mesmo sendo montanha; vejo
A beleza de um enverdecer.
Água límpida sai das minhas frestas...
É tão belo de lá o alvorecer.
Mesmo sendo montanha; sinto
O ar refrescar meus pensamentos.
A minha visão é mais ampla
Consigo distinguir os sentimentos.
Mesmo sendo montanha; cheiro
O aroma verde do meu coração
Estou mais perto das nuvens
Pegando carona numa canção.
Mesmo sendo montanha; ouço
O sermão dito por um Deus,
Aos pés muitos homens
Nas utopias dos sonhos seus.
Mesmo sendo montanha; falo:
Não tenho medo das palavras,
Elas poucas me atingem
Ainda que seja tudo o meu nada.
Mesmo sendo montanha; tenho
Um peito pronto para viver,
Que bate tão transbordante
Quase querendo aparecer.
Mesmo sendo montanha; posso
Ir para qualquer lugar,
São passos tão vagarosos
Conduzido pela palavra amar.
Mesmo sendo montanha; vivo
Pelos outros, não para mim...
Desinsofrido, eu sou um alguém
Que espera pouco do porvir.
Mesmo sendo montanha; não
Tenho um coração de pedra,
Mas só que eu no tal amor
Não ligo muito para perda.
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